Hannah Baker é personagem da série estado-unidense 13 reasons why, estreada em 31 de março
de 2017. A produção, que conta com Selena
Gomez como produtora executiva, foi baseada no livro de Jay Asher, Thirteen reasons why, de 2007, e foi
adaptada pela Netflix, provedora global de filmes e séries de televisão via
streaming, fundada em 1997.
A história, desenvolvida em 13 episódios da primeira
temporada, inicia após uma semana do suicídio de Hannah Baker, estudante do
ensino médio que deixa gravado em 13 fitas K7
os motivos que a levaram a colocar um fim em sua vida.
O primeiro que vemos escutar as gravações é Clay
Jensen, um amigo próximo de Hannah, que as recebe dentro de uma caixa de
sapatos deixada em frente à porta de sua casa. Ao ouvir a primeira fita, Clay
fica surpreso e confuso ao escutar a voz de Hannah. Porém, talvez a curiosidade
e o desejo de saber porque ela se suicidou o motivam para continuar as escutando,
mas não sem algumas dificuldades, uma vez que Hannah revela segredos que outros
colegas dela e de Clay não querem que sejam divulgados.
Num primeiro momento poderíamos pensar que a série não
passa de mais um seriado voltado para o público adolescente que, por vezes,
romantiza seus problemas. Essa foi, inclusive, uma das críticas lançadas à
série que teria romantizado o suicídio e mostrado que essa é a única opção para
se livrar de problemas.
Contudo, a série está longe de ter romantizado o
suicídio de Hannah, pois ao acompanharmos as revelações feitas através das suas
gravações podemos sentir o sofrimento que ela sente ao passar por situações
problemáticas que ultrapassam a ficção. Dentre elas, a mais clara e desoladora
de todas, está o bullying vivenciado
constantemente pela personagem que, por um tempo, tenta superar sozinha. Ao não
conseguir, pede ajuda, ainda que não de forma explícita, mas é, de certa forma,
culpabilizada por certos acontecimentos, como o fato dela ter sido assediada
por colegas, pelo conselheiro de sua escola.
Ao longo dos episódios podemos ver como Hannah vai
adentrando na zona da depressão. As gravações são para ela uma forma de
desabafar, uma vez que não se sente segura e à vontade para compartilhar sua
solidão e tristeza com ninguém. Assim, é possível perceber que essa foi a forma
que ela encontrou de tentar superar essa situação que, contudo, tornou-se
insuportável. Viver tornou-se insuportável. E isso não é romance.
A série mostra uma situação enfrentada por inúmeras
pessoas todos os dias. Todos conhecemos uma Hannah Baker. Alguns de nós somos
Hannah Baker. E algumas Hannah Baker no Brasil buscaram ajuda do CVV, centro de valorização da vida, que
registrou aumento de 445% de contatos desde a estreia da série, fenômeno parecido
registrado também quando se deu o lançamento do livro de Asher. Em termos
mundiais, a repercussão da série também foi positiva, a ponto da Netflix criar
uma plataforma com uma lista de organizações de saúde para informar aqueles que
buscam ajuda por conta da série (http://www.13reasonswhy.info).
Ao longo das informações que as fitas revelam, podemos
compreender como o sofrimento de Hannah é construído a partir de situações
humilhantes e vexatórias à quais ela foi sujeita. Esse ponto também é
importante analisar, pois sustenta o fato de que a culpa nunca é da vítima,
como sugeriu o conselheiro da escola e os próprios colegas de Hannah e como
comumente ocorre na realidade, sobretudo quando a vítima é mulher.
13
reasons why, portanto, não
trata da romantização do suicídio. Não trata de vingança. Não se trata de uma
simples série adolescente. Ela trata da importância de analisarmos nossos atos
que podem levar sofrimento a outras pessoas. Ela trata de pessoas que sofrem e
não conseguem lidar com esse sofrimento. Ela trata de angústia, de dor, de
morte. Ela trata, sobretudo, da necessidade de falarmos sobre depressão e suicídio
que não podem mais ser considerados tabu.